A capa da revista, a protagonista
da novela, a dona de casa da propaganda de margarina: todas perfeitas. Mulheres
felizes, estas perfeitas. A perfeição em tudo está, no sorriso, nas contornos,
nos penteados, na pele e, porque não, na juventude.
A
“mulher moderna” (pós-moderna, contemporânea...o nome que quiser dar) estuda,
trabalha, cuida dos filhos, passa roupa quando consegue e faz supermercado no
final do dia. Assiste ao jornal, à novela e lê revista. Essa mulher compra a
roupa da moda, carrega na bolsa a barra de cereais que “não engorda” e malha de
duas a três vezes na semana.
A
perfeição, no entanto, não se faz presente.
O
modelo aspiracional de beleza é cruel, distante, cheio de... perfeição. Uma
perfeição para além do atingível com dietas, tratamentos estéticos, maquiagens
e (muita) atividade física. Uma beleza que não depende puramente o biótipo e da
“loteria genética” que nos determina. Uma beleza construída, que modela o corpo
ao prazer do consumo.
A
beleza que se busca – que se pretende e que se divulga – é uma beleza
promissora. Promete o sucesso, o bem estar e, no limite, a felicidade.
A
tríade infalível: o sucesso por possuir este corpo, por ser digna de
desfrutá-lo, por tê-lo conquistado a despeito do seu alto custo (por vezes,
literal); o bem estar de “faz-de-conta”, pois o corpo “ideal” não é
necessariamente um corpo “saudável” (premissa essa que, muitas vezes, é
justamente inversamente válida), e; a felicidade, constante e inconsequente
valor relativo.
Qual
a felicidade da privação constante? Do extremo de trocar uma refeição por um
shake? De se privar de festas para não “errar a dieta”? De trocar um happy hour com os amigos por um treino
extenuante na academia?
Tenha
foco. Mas que este seja ser feliz.