quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O desejo de ser perfeita.

A capa da revista, a protagonista da novela, a dona de casa da propaganda de margarina: todas perfeitas. Mulheres felizes, estas perfeitas. A perfeição em tudo está, no sorriso, nas contornos, nos penteados, na pele e, porque não, na juventude.

A “mulher moderna” (pós-moderna, contemporânea...o nome que quiser dar) estuda, trabalha, cuida dos filhos, passa roupa quando consegue e faz supermercado no final do dia. Assiste ao jornal, à novela e lê revista. Essa mulher compra a roupa da moda, carrega na bolsa a barra de cereais que “não engorda” e malha de duas a três vezes na semana.

A perfeição, no entanto, não se faz presente.

O modelo aspiracional de beleza é cruel, distante, cheio de... perfeição. Uma perfeição para além do atingível com dietas, tratamentos estéticos, maquiagens e (muita) atividade física. Uma beleza que não depende puramente o biótipo e da “loteria genética” que nos determina. Uma beleza construída, que modela o corpo ao prazer do consumo. 

A beleza que se busca – que se pretende e que se divulga – é uma beleza promissora. Promete o sucesso, o bem estar e, no limite, a felicidade.

A tríade infalível: o sucesso por possuir este corpo, por ser digna de desfrutá-lo, por tê-lo conquistado a despeito do seu alto custo (por vezes, literal); o bem estar de “faz-de-conta”, pois o corpo “ideal” não é necessariamente um corpo “saudável” (premissa essa que, muitas vezes, é justamente inversamente válida), e; a felicidade, constante e inconsequente valor relativo.

Qual a felicidade da privação constante? Do extremo de trocar uma refeição por um shake? De se privar de festas para não “errar a dieta”? De trocar um happy hour com os amigos por um treino extenuante na academia?
            
Tenha foco. Mas que este seja ser feliz.