"Quero secar."
"Quero um tratamento de choque."
"Preciso ver resultado rápido, se não desmotivo."
"Essa gordura precisa derreter."
"Tenho um mês para caber no vestido."
"Meu treino é tão bom que me faz vomitar."
Ah essas nossas necessidades de hoje em dia...
Permaneço apoiada no discurso que nosso corpo é bicho - não é mecânico, é metabólico.
E ao dizer isso, o que de fato estou considerando é que ele tem o seu próprio tempo.
Ademais, por ser bicho, o corpo literalmente vive para se manter vivo.
Corpo tem medo de morrer e para lutar contra isso desenvolveu um arsenal de alternativas para superar a adversidade, driblar o stress e reverter prejuízos.
Pois bem, e então é a partir deste conhecimento simples, que penso nas nossas virtudes difíceis de encontrar: paciência e prudência.
No cuidado com o corpo é preciso dar-lhe seu tempo, e certamente, agracia-lo com conforto.
Em momentos de crise você gasta ou guarda?
Pois é, o corpo também.
Veja só... Se o corpo tem regras próprias, me parece mais inteligente estudá-las para que sejam empregadas a nosso favor, do que ficar berrando aos quatro cantos os nossos caprichos.
No final, e isso a evolução muito bem nos ensinou, quem acaba ganhando é a biologia, sempre.
Bastante lógico, não?
Uhum, mas desde quando aprendemos a esperar...?
As leis do corpo - justamente por preservarem a vida - não nos permite certos "resultados" em um mês, dois, três... Como o corpo está mais preocupado com a manutenção da vida do que com qualquer outro anseio pessoal, ele se limita a passear enquanto as expectativas o querem correndo.
Pois é, falta paciência.
E então, na angústia de ver "o resultado", tira-se comida, aumenta-se atividade física, troca arroz e feijão por salada e jantar por shake. Não tem mais o vinho no sábado à noite, nem a pipoca no cinema, nem o bolo da tarde. Às vezes, não tem nem molho na salada, nem manteiga no pão, às vezes nem pão, nem leite, nem nada...
Reduz, corta, seca (não só a comida, mas a felicidade). E então, o resultado começa a vir - ou vem.
Mas, note só, vendo aqui de fora, a minha vontade é perguntar: "é mesmo possível viver a vida assim?".
Pois é, falta prudência.
O que será que o corpo, aquele mesmo que queria preservar a vida a qualquer custo, vai entender depois de tanta falta de paciência seguida da falta de prudência?
... Lhe digo: "quem manda aqui sou eu, e eu, meu caro, tenho paciência e prudência de sobra para fazer do meu modo.".
Vem o rebote, o resgate, o "efeito sanfona". Vem a desmotivação, a tristeza e a sensação de impotência.
Vem culpa.
Mas já sabíamos, não é mesmo?
Tem efeitos que são naturais, não adianta brigar contra - mais vale ter paciência e prudência para dribla-los.
Que tal ir com menos sede ao pote?
Que tal dar conforto ao corpo?
Que tal parar de viver por um objetivo e de fato viver?
Que tal ter um pouco mais de paciência e prudência?