Estudem.
Pesquisem.
Sejam menos mandões.
Sejam mais realistas.
Tenham alma.
Vamos ponto a ponto comigo? Vai ver que vale o pensamento...
Estudem.
É.
Porque estudar requer senso crítico.
É diferente de repetir o que se lê.
É diferente de falar aquilo que já se "sabe".
Estudar, quando se trata de uma ciência como essa, requer interpretação ampla, que questione para além dos resultados simples... Que as coloquem em prática.
Estudem nutrigenética e nutrigenômica, imprint celular, adaptação metabólica... Temas bem completos que nos ajudam a entender que não é "saindo da dieta um dia, um final de semana, umas férias", que se "jogará tudo fora"!
Pesquisem.
Mais informações.
Aquelas mais difíceis de acessar, inclusive intelectualmente.
Aquelas que duvidam das dietas "nutrients-free", e da privação constante de calorias.
Quem pesquisa sério, deve considerar que resultados em laboratório, de acordo com a "expectativa fisiológica", às vezes são diferentes quando avaliados na prática, fora do estudo controlado.
Me parece um absurdo eu ter que escrever isso, mas... Na vida do homem, o consumo alimentar não é apenas para que ele se mantenha vivo: comer é social, cultural, motivo de prazer... O ratinho no laboratório, a placa de petri e os estudos bioquímicos podem nos trazer certezas, mas... E quando colocados em prática, será que tudo aquilo é viável? Será que consideramos que, na vida real, temos festas de final de ano, férias, bombons de namorado, bolo de vó, vinho com a esposa e uma vida cheia de sabores?
Hum... Se acostumar o corpo a viver sem tudo, sempre, como será quando quisermos provar a vida?
"Todo o esforço irá embora em uma semana de férias"? No carnaval? No final de semana? Em um dia?
Uau... Estudem, pesquisem... Tem muito mais além.
Sejam menos mandões.
É, será que já passou na cabeça de um profissional que prescreve dieta (não só do nutricionista, afinal, mesmo que sendo atividade privativa da classe, tantos são os médicos e demais "profissionais de academia" que o fazem...) que aquilo que você indica será balizador da vida de outro alguém? Que você estará vivendo numa boa, nem lembrando daquela pessoa para quem prescreveu e ela, possivelmente estará seguindo aquilo que você mandou?
Oras... Me parece que isso requer respeito, não?
Peça licença a seu paciente/cliente, explique olhando nos olhos dele, pontuando com destreza. Estudem, pesquisem, sejam menos mandões, digam menos nãos.
Sejam mais realistas.
Sabe por que? Porque o mesmo que o cara "não faça dieta, tenha um estilo de vida saudável", possivelmente terá um dia que ele não seguirá à risca, que não tomará o whey, que não comerá frango grelhado, que não escolherá só salada de jantar... E aí? Será que vale mesmo ensinar ao corpo dele que é só "estilo de vida saudável" que ele receberá?
E quando não for isso que o corpo ver pela frente... Como será o seu comportamento?
Sejamos realistas: é bacana ajustar a alimentação e mostrar para o organismo quem é que manda e como é que a banda toca, mas é importante lembrar (sim, lembrar o próprio organismo), que não será assim sempre, que terão dias de "pé na jaca", e... Olha só, tudo bem: isso "não vai acabar com todo o seu esforço". Quem ganha na memória celular é aquilo que mais se faz - não um final de semana de churrasco e risadas com os amigos, nem do sorvete gostoso com o filho na praia.
Tenham alma.
Somos uma sociedade doente pelo corpo. Julgamos as pessoas a partir dele, determinamos muitas relações perante a aparência estética e somos preconceituosos (ao menos nisso) ao extremo. Somos uma contemporaneidade ansiosa, anoréxica, bulímica, vigoréxica, cheia de regras e de culpas.
É esse o estado que, enquanto profissional (e ser humano), queremos endossar?
Eu não. Obrigada.
Então, é isso...
Sigo convicta por aqui.
Antes de tudo, acho que vale a pena estudar, pesquisar, ser menos mandona, mais realista e ter alma.