terça-feira, 26 de janeiro de 2016

"Não jogue fora seu resultado em um final de semana!" Bah...



Sabe o que tenho vontade de responder quando vejo isso?

Estudem.
Pesquisem.
Sejam menos mandões.
Sejam mais realistas.
Tenham alma.

Vamos ponto a ponto comigo? Vai ver que vale o pensamento...

Estudem. 
É.
Porque estudar requer senso crítico. 
É diferente de repetir o que se lê. 
É diferente de falar aquilo que já se "sabe". 
Estudar, quando se trata de uma ciência como essa, requer interpretação ampla, que questione para além dos resultados simples... Que as coloquem em prática.
Estudem nutrigenética e nutrigenômica, imprint celular, adaptação metabólica... Temas bem completos que nos ajudam a entender que não é "saindo da dieta um dia, um final de semana, umas férias", que se "jogará tudo fora"! 


Pesquisem.
Mais informações. 
Aquelas mais difíceis de acessar, inclusive intelectualmente. 
Aquelas que duvidam das dietas "nutrients-free", e da privação constante de calorias.
Quem pesquisa sério, deve considerar que resultados em laboratório, de acordo com a "expectativa fisiológica", às vezes são diferentes quando avaliados na prática, fora do estudo controlado. 
Me parece um absurdo eu ter que escrever isso, mas... Na vida do homem, o consumo alimentar não é apenas para que ele se mantenha vivo: comer é social, cultural, motivo de prazer... O ratinho no laboratório, a placa de petri e os estudos bioquímicos podem nos trazer certezas, mas... E quando colocados em prática, será que tudo aquilo é viável? Será que consideramos que, na vida real, temos festas de final de ano, férias, bombons de namorado, bolo de vó, vinho com a esposa e uma vida cheia de sabores? 
Hum... Se acostumar o corpo a viver sem tudo, sempre, como será quando quisermos provar a vida? 
"Todo o esforço irá embora em uma semana de férias"? No carnaval? No final de semana? Em um dia?
Uau... Estudem, pesquisem... Tem muito mais além.

Sejam menos mandões. 
É, será que já passou na cabeça de um profissional que prescreve dieta (não só do nutricionista, afinal, mesmo que sendo atividade privativa da classe, tantos são os médicos e demais "profissionais de academia" que o fazem...) que aquilo que você indica será balizador da vida de outro alguém? Que você estará vivendo numa boa, nem lembrando daquela pessoa para quem prescreveu e ela, possivelmente estará seguindo aquilo que você mandou?
Oras... Me parece que isso requer respeito, não? 
Peça licença a seu paciente/cliente, explique olhando nos olhos dele, pontuando com destreza. Estudem, pesquisem, sejam menos mandões, digam menos nãos. 

Sejam mais realistas.
Sabe por que? Porque o mesmo que o cara "não faça dieta, tenha um estilo de vida saudável", possivelmente terá um dia que ele não seguirá à risca, que não tomará o whey, que não comerá frango grelhado, que não escolherá só salada de jantar... E aí? Será que vale mesmo ensinar ao corpo dele que é só "estilo de vida saudável" que ele receberá? 
E quando não for isso que o corpo ver pela frente... Como será o seu comportamento? 
Sejamos realistas: é bacana ajustar a alimentação e mostrar para o organismo quem é que manda e como é que a banda toca, mas é importante lembrar (sim, lembrar o próprio organismo), que não será assim sempre, que terão dias de "pé na jaca", e... Olha só, tudo bem: isso "não vai acabar com todo o seu esforço". Quem ganha na memória celular é aquilo que mais se faz - não um final de semana de churrasco e risadas com os amigos, nem do sorvete gostoso com o filho na praia.

Tenham alma. 
Somos uma sociedade doente pelo corpo. Julgamos as pessoas a partir dele, determinamos muitas relações perante a aparência estética e somos preconceituosos (ao menos nisso) ao extremo. Somos uma contemporaneidade ansiosa, anoréxica, bulímica, vigoréxica, cheia de regras e de culpas. 
É esse o estado que, enquanto profissional (e ser humano), queremos endossar? 
Eu não. Obrigada. 

Então, é isso... 
Sigo convicta por aqui. 
Antes de tudo, acho que vale a pena estudar, pesquisar, ser menos mandona, mais realista e ter alma. 




segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Dieta restritiva não emagrece, envelhece.

Ah, que medo destas dietas cheia de nãos...
A dieta que confia na restrição não trabalha a nossa favor: ela não emagrece, o que consegue fazer, de fato, é nos envelhecer. 

Posso explicar?

Pois bem, quanto não falamos que "com o passar da vida vai ficando mais difícil emagrecer"? Não é que é mais fácil perder peso com 18 anos do que 28? Com 38? Com 48...? 
É, e o culpado disso é o metabolismo. Não é mesmo? 

Então... Isso é uma verdade relativa, mas sim, uma verdade. Em uma interpretação mais profunda, podemos enriquecer essa afirmativa.

Metabolismo é, em palavras simples e de uma forma sucinta, o gasto de energia daquele corpo. O quanto se usa para "funcionar" e o que é guardado para assegurar a vida. De tal modo que, quanto mais se gasta de energia, maior é o dito metabolismo - e quanto menos se gasta, menor podemos considerá-lo.

O que acontece no processo de envelhecimento - em condições fisiologicas, comuns, "normais", esperadas... - é que o metabolismo vai, pouco a pouco ficando menor. Um importante responsável por isso é a diminuição da massa magra desse corpo que envelhece. 

Notemos aqui que, a massa magra (músculos esqueléticos, órgãos e afins...)  gasta bastante energia para que sejam mantidos "vivos". Em uma analogia bobinha: 
massa magra é 5 vezes mais cara para ser bancada do que a gordura corporal. Essa ultima, por sua vez, além de demandar pouca energia para se manter, é ainda sinalizadora de estoque - mostra para o corpo que temos reserva de energia, caso precisarmos.

Durante o envelhecimento, no entanto, a massa magra tende a ir perdendo seu turgor e - literalmente - diminui.
Com isso, o gasto de energia do corpo - a sua demanda - são também diminuídos. Afinal, não era esse o componente oneroso para o corpo? 
Sinônimo disso é dizer que, o metabolismo fica mais lento... 

Seguindo esse pensamento, creio que fica fácil entender que, quanto menos massa magra um indivíduo tiver, menos energia ele gastará - e, então, menos energia ele precisa para ficar vivo. 
Quando o corpo vive com menos energia, o que será que ele faz quando aparece muita energia? 
Ele guarda.
Na forma de gordura.

Então, voltando à dieta restritiva...

Um plano alimentar diminuto, enxuto e privativo, força a perda de peso através da redução do consumo (da entrada de energia).
Quando se oferece menos energia do que o corpo precisa, ele aprende a economizar. 
Ué... Não fazemos isso com nosso dinheiro? 
Uma maneira de economizar é cortando despesas extras, como a massa magra que, como vimos a pouco, demanda um bocado de energia.

E aí... Se a massa magra está menor, como consequência, gasta-se menos energia. O metabolismo fica menor.
Então, de novo, se o corpo vive com menos energia, o que será que ele faz quando aparece muita energia? 
Ele guarda.
Na forma de gordura.
Bem vindo à sanfona-pós-restrição. 

Além de não emagrecer "de verdade", o impacto no corpo vai muito além... Ele vem na forma de um metabolismo mais lento, um gasto menor de energia, maior e "economia de energia" para as funções fundamentais da vida e assim, maior chance de engordar novamente - o típico impacto do envelhecimento corporal, que tanto se fala.

Bacana, né? 

É preciso ser bem responsável na hora de decidir as nossas condutas, porque se não, vamos reclamar de um corpo que "funciona menos", mas quem fez isso com ele fomos nos mesmos. Ou, ao menos, o ajudamos nisso. 

Perda de peso não é emagrecimento. 
Emagrecimento é perda de gordura - difícil de ver na balança, mas bem visível no próprio corpo. 

Dieta restritiva diminui as calorias, as escolhas, o peso (por um tempo), o metabolismo (por um tempão) e a vida (porque viver dizendo não, não é lá muito gostoso...). 




quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Promessas de Ano Novo

Que venham as realizações das promessas de ano novo!

Que sejam desafiadoras, estimulantes e, sobretudo, realistas.
Que tenham mais amor: próprio, pelo outro, pela vida.

Que não tenham dietas do suco, shakes no lugar do almoço e sopas milagrosas.
Que não venham em cápsulas ou pós.
Que sejam saborosas, cheias de cores e perfumes.

Que estás realizações sejam doces, salgadas e  temperadas.
Que tenham menos nãos!
Que busquem a saúde, os sorrisos, os bons momentos...

Que não coloque ninguém para baixo, não diminua os que se permitem relaxar e que não sobrecarregue o dia já cheio de afazeres. 
Que não sejam mais um tópico nas "metas a serem batidas" no ano que começa. 

Que sejam leves e prazeirosas.
Que a culpa jamais prevaleça.
Que o detox seja da alma!

Que os objetivos sejam pessoais - pra você e por você! E que este você seja consciente de que o verdadeiro "foco" é ser feliz! 

Que venham as realizações do ano novo...