Constantemente
me pergunto se as pessoas acreditam mesmo nessas bobagens...
... Estaríamos
todos à mercê das promessas?
Parece-me
que sim. E, ao contrário do que eu pensava, noto isso cada vez mais.
Na prática,
funciona mais ou menos assim:
(1) Algo é escolhido como a bola da vez;
(2) Assim como o ar, se espalha por
todos os cantos;
(3) Vira moda, referência e assunto;
(4) Atinge seu auge e, pouco a pouco,
vai sumindo;
(5) Eis que o ciclo segue adiante com a
próxima novidade... (Ah, o consumo! Ah, a fluidez!)
A linhaça,
a chia, o chá verde (branco, vermelho, amarelo), óleo de coco, a gojy... Nem me
faça começar, que a lista é enorme. Todos com promessas bastante objetivas,
fortemente atreladas à estética (que tem a magreza como sinônimo
contemporâneo).
Da publicação
“confiável” (aquela que adora colocar alimentos como “vilão e mocinho”) à blogueira
(que só indica os “superalimentos” que a patrocina), estes estão por todo
lados. A sua evidência é instigadora e, atropelando as diferenças de gênero,
faixa etária, etnia, ou grau de instrução, parece atingir a todos.
Desafiador,
não?
O que será
que faz uma criatura crer, dia após dia, em promessas milagrosas? Se alguma
delas fosse suficientemente verdadeira, porque será que elas não cessam em
aparecer? Se o óleo de coco foi milagroso para “perder barriga”, porque emagrecer
com a gojy então?
Mas parece
que a novidade também nos agrada. Agrada o mercado, sem dúvida - ué, se a dieta
da revista fazia secar 4kg em 1 semana, porque mesmo que eu deveria comprar a
próxima edição? É preciso renovar.
Sempre!
Sem a
pretensão de discutir neuromarketing (até mesmo por ser, nesse assunto, mera interessada),
fica muito difícil seguir com o pensamento sem antes triscar no nome da dopamina.
Na minha humilde opinião, ela é uma grande responsável pelo fenômeno.
A dopamina
é o neutrotransmissor do “quero mais”. Está envolvida no vício e no condicionamento
de recompensa fisiológica. Corpo é bicho e, para estar onde estamos hoje, teve
que sobreviver à adversidade, assim, fomos feitos para agir conforme as
respostas de prazer: se algo é gostoso, ele será compreendido pelo cérebro
ancestral como “bom”, e este é o gatilho para “querer mais”.
Condicionada
às coisas boas, a dopamina pode também ser liberada mediante a antecipação de
um acontecimento ou de uma situação de prazer. Sim, o pensamento (nunca duvide
da sua força!) pode promover uma enxurrada de dopamina.
Considere com atenção... Não é prazeroso pensar que encontrará amigos queridos hoje a noite? Que suas férias
estão por vir? Ou devanear sobre o que faria se ficasse milionário da noite pro
dia?
Eis a dopamina-de-pensamento.
Que, claro, também pode ser dopamina-de-promessa.
Não é
inspirador ver aquelas fotos de antes e depois? Ou, o corpo livre de
imperfeições da modelo que faz uso de tal produto, ou de tal dieta? Não seria
ótimo se, engolindo cápsulas ou chás, nos construíssemos de acordo com nossos
sonhos?
Pois
então...
Dopamina na
veia, muitos produtos milagrosos no armário, e “revistas femininas” como livros
de cabeceira!
É bem assim mesmo. Quanto mais novidades, mais gente comprando e, infelizmente, mais gente frustrada por não atingir os mesmos resultados daqueles que recebem determinados produtos em troca de patrocínio. Já caí nessa. Hoje, graças a blogs como o seu, tenho estado bem mais consciente quanto a isso. Obrigada!
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