Pois é... Eis que
chegou o dia da votação final do projeto de (re)comercialização dos
medicamentos “emagrecedores” – este projeto foi lançado na Câmara dos Deputados
em abril deste ano, pelo Excelentíssimo Sr. Beto Albuquerque (do PMDB de
Alagoas).
Em uma retrospectiva
breve, os medicamentos em questão são aqueles que, em 2011, haviam sido
proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Na época, os
profissionais do dado órgão alegaram que, através de todos os estudos e
resultados populacionais, os medicamentos avaliados ofereciam mais malefícios à
saúde de seus usuários, do que a real conquista dos benefícios que buscavam.
Mais ainda, seu uso indiscriminado, como
alternativa (rápida) para o emagrecimento, era inegável.
Aos meus olhos, a
conduta da ANVISA materializou o respeito com o organismo e, no âmbito social,
um enorme benefício à saúde pública.
O projeto de decreto legislativo, diferente
das leis, não precisa ser sancionado pelo presidente para que entre em vigor,
basta ser “aceito” através do voto dos senadores. Assim sendo, após o resultado
da votação de 02 de setembro deste ano, estamos prestes a ter a reinserção
destes produtos no mercado.
Lamentável.
De início, lamentável
pelos resultados obtidos a partir do uso do medicamento. Queda de metabolismo,
perda de massa muscular, pouca qualidade de manutenção dos “resultados”: peso
perdido sem qualidade, e com grandiosíssima chance de efeito rebote, tornando o
emagrecimento subsequente ainda mais difícil.
Mais adiante, lamentável pela sua condução. A medida será tomada a partir do consenso de senadores. Com todo o respeito aos seus cargos... Não creio que tenham expertise suficiente para determinar se dado medicamento é “bom” ou “ruim” à saúde da população. Sobre eles deveriam recair as decisões a partir das informações coletadas com os estudiosos no assunto – no caso, estes seriam a ANVISA, que proibiu a venda.
Mais além, lamentável
pelos segundos interesses. A indústria farmacêutica é forte (e isso, enquanto argumento, basta).
Cá entre nós, este
decreto legislativo é um retrocesso, não apenas na prática mas também na teoria
do controle do peso, mais ainda quando se considera a saúde coletiva e o bem
estar de uma sociedade.
Uma pena. Uma tristeza.
Enfrentar conflitos de interesse sempre é muito difícil.
Creio que mais
esforços deveriam ser somados em busca de políticas públicas em prol da saúde e
da qualidade de vida da população, e que isto é um dever de todos os cargos políticos.
No entanto, este decreto aqui, nada agrega a este favor... Aliás, muito pelo
contrário.
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