Meio-que-de-repente, algumas considerações "diferentes" começaram a aparecer.
Lá atrás (em 2004 - já se foram 10 anos!) a Dove (Unilever), através de uma pesquisa mundial, chegou à conclusão de que as mulheres estavam tristes com seus corpos, com a representação deles e, mais ainda, com a obrigatoriedade em atender à dadas dimensões, cores e texturas.
Pois bem. Sabido isso, campanhas e peças publicitárias foram estruturadas em favor da "real beleza". Lindas e emocionantes, tocaram (e ainda tocam) as mulheres no coração (aqui, no sentido da emoção, e da profundidade que alcançam).
Vídeo, depoimentos, fotos, relatos... Acredito que, minimamente, novas reflexões se fizeram e a angústia de uma irrealidade corporal - daquelas que nos mantém presas pela auto censura - começou a deixar-se à mostra.
Ao meu ver, um grande avanço.
De toda a euforia do movimento, daquilo tudo que partiu do "clic" inicial, dois pontos me incomodam profundamente: o primeiro, diz respeito àqueles que acham que isso tudo é bobagem, que temos o que temos, que somos o que somos, e "bora" explorar a mulher (sua beleza e seu corpo) nos mais variados contextos, sexualizando-os, na maioria das vezes, e; o segundo, que me parece bem escondido, quase paradoxal, surge como indagação: por que é mesmo, que temos que ser belas?
Pois sim, por que é que temos que ter "a real beleza"? Por que temos que nos sentir belas - mesmo que a beleza que tenhamos não seja do padrão? Por que "a beleza" é sempre (SEMPRE), o objetivo?
Cabe dizer aqui creio fortemente na importância do bem-sentir-se. Isso é indiscutível. Só não consigo compreender, o motivo da sua estreita relação com o bonita-sentir-se... Alguém cobra isso do homem? Por que aceitamos tanto essa questão de gênero?
Lutamos contra tantas desigualdades, mas esta, por sua vez, parecemos aceitar.
Talvez, ao invés de todos os esforços serem aplicados na busca pela "real beleza", pudéssemos mudar o foco e partir no sentido da "real felicidade". Não é não?
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