Não importa como, nem aonde, mas tudo aquilo que se faz, que se pretende, que se conquista e que se pensa, pode ser lançado na rede. Uma vez lá, se espalha mais rápido do que o ar.
O mais interessante deste fenômeno é que, uma vez inserido na dinâmica social, se desaprende a viver sem ele. É como uma reação contagiosa. Por mais comedidos que sejamos, em tempos de "grande voz", o silêncio virtual é pior do que o ostracismo, é a total e absoluta inexistência.
Sem a pretensão de julgar, e querendo longa distância da hipocrisia, acredito que seja muito importante lançar luz sobre essa discussão, que por vezes passa desapercebida. No meu ponto de vista, sob o olhar enquanto mulher, nutricionista, professora e militante pela boa vida, gostaria de expor - visto que é disso mesmo que se trata o post - o meu ponto e vista (que são mais indagativos do que sólidos.
Eis então os meus três pensamentos.
Primeiro, a ética profissional.
Existe um fundamento básico das ciências da saúde, para todas aquelas profissões que lidam diretamente com "o público", que diz respeito ao sigilo. O sigilo, por sua vez, implica em não expor seu paciente. Não contar a ninguém o que foi dividido no consultório. O que vale, inclusive - e pasmem - à internet.
Comemorar conquistas, sucessos, resultados é uma coisa - e, sempre, com o devido aval do referido personagem - mas expor o paciente, ainda quem sem seu nome, aí já é algo muitíssimo diferente. Isso não deve ser feito. Em hipótese alguma. Nunca.
Segundo, a exposição pessoal e a exposição profissional.
Percebo as mais variadas redes sociais como grandes palcos.
E, se a propaganda é a alma do negócio, se tem um lugar em que ela deveria ser feita, é justamente neste grande palco.
Sem dúvida, e historicamente - ainda que esta história ainda seja curta - as redes sociais são uma forma de marketing pessoal, caso contrário, por qual outro motivo se exibir através dela?
De todo modo, a tênue linha que divide as pessoas dos profissionais que escolherem ser, fica aqui, ainda mais fina.
Ok... E aí? Qual o problema?
A princípio, nenhum. Porém, se tem empresas que deixam de contratar pessoas muito rabugentas, que fazem uso de certos temos e que postam fotos com roupa de banho, creio que deva haver certa etiqueta virtual a ser seguida. Pois é... Com a exposição continua da vida, parece que tudo pode ser "vigiado": você iria atender um paciente de biquini? Não, óbvio. Mas, se por algum acaso, vocês são amigos no Facebook, corre o risco de ser assim visto... Será mesmo que o "ambiente é outro'?
Terceiro, a confusão entre a nutrição e o mundo fitness.
Nutricionista é o profissional que cuida da alimentação: prega o equilíbrio, a moderação e os benefícios de uma vida mais saudável. A atividade física, se encaixar nesses preceitos, ótimo, será sempre muito bem-vinda. Mas nutrição é comida-e-saúde.
Desculpe, mas o mass midia já faz essa confusão quase que naturalmente - e nos atrapalha por demais - seria ótimo se, em meio a toda essa exposição, os próprios profissionais não endossassem esse equívoco.
O nutricionista pode ser fitness, tem toda a liberdade para isso, mas será que é mesmo uma boa opção patrocinarmos hashtags como #vidamagra #maromba #detox? Será mesmo que vale a penas, depois de tanto estudo e dedicação em uma ciência encantadora, resumi-la ao #foco?
Sem mais.
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