segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Nosso corpo nos representa, mas não nos resume.

Não é difícil alguém me perguntar o motivo desta "história de comentar contra o corpo ideal" ser tão importante para mim...

Me perguntam, sobretudo, sob a ótica do julgamento - de como sou, e com o que trabalho (da carreira e da especialização que escolhi). Me perguntam como se fosse óbvio buscar essa "tal beleza", e como se eu estivesse "errada" em considerar que talvez (só talvez, aqui com um pingo de ironia), fosse ok não ser mais um representante do padrão. Alguns me perguntam se eu não "canso de bater na mesma tecla", e outros, se a minha atitude não seria "pró-obesidade". (!)

Pois então... A tudo isso, respondo com outra pergunta: por que para todo-o-mundo, o corpo da mulher é tão importante? Mais importante do que ela mesma? Por que a mulher é tão objetificada, sexualizada, reconstruída e seu corpo é tido como "moeda de troca"?

Ao meu ver, o erro na interpretação está justamente em considerar que o assunto termina em si mesmo: no corpo.

O questionamento, por sua vez, reside na própria imediata relação: mulher = corpo.

Sim, temos um corpo, mas ele não nos determina absolutamente. 

Somos mulheres. Filhas, mães, avós, namoradas, esposas, amigas... Somos professoras, advogadas, escritoras, médicas, donas de casa, executivas... Temos tarefas a fazer, responsabilidades para lidar, prazos à cumprir e sorrisos a dar... Temos mais do que formas.

Vagando por aí - nos pensamentos e na internet - cheguei a um artigo de uma colaboradora de um jornal norte americano, que publicou uma coluna especial sobre seus 12 anos de casada, e a felicidade de sua vida. Ela o fez brilhantemente e coroou seu trabalho com fotos do seu dia especial.

Sobre sua linda história de amor e de companheirismo, sabe o que mais chamou a atenção? O que mais lhe rendeu comentários? O seu corpo.

De seu vestido branco, foi sinalizado como lhe marcava "as gorduras", de seu rosto radiante, ressaltaram seu "duplo queijo" e de seu esposo, a "coragem" em se casar com alguém "como ela".

Triste...

Pelas ofensas gratuitas e pelas duras palavras de julgamento - inquestionável. Muito triste pelo fato de que o corpo feminino foi mais relevante do que tudo. Se sobressaiu e a definiu.

Lamentável o reducionismo social da mulher às suas formas...

Pois então, será mesmo que eu preciso defender meus motivos para "bater na mesma tecla"? Ué,  e quem insiste em perceber a mulher como mero corpo (tanto os homens, como as próprias mulheres) também não o faz?

Enquanto acreditar que nosso corpo nos representa, mas não nos resume, eu sigo por aqui. Quem sabe mais alguém me acompanhe. 




http://m.xojane.com/it-happened-to-me/it-happened-to-me-i-wrote-an-article-about-marriage-and-all-anyone-noticed-is-that-im-fat?utm_source=upworthy&utm_medium=pubexchange

Um comentário:

  1. Perfeito, compartilho de suas idéias, o que determina a pessoa é ela mesma e não sua aparência, esta busca desenfreada do "corpo" perfeito, ideal, adequado... esta transformando o ser humano em algo que não reconheço mais.

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